Mais de 500 mil pessoas em todo o país protestaram neste sábado em toda a França, em uma nova demonstração de força contra a nova lei trabalhista para tentar convencer o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, a retirar o polêmico contrato do primeiro emprego (CPE), após dois meses de contestações.

Além de Paris, também houve enfrentamentos em outras cidades da França como Marselha (sudeste), onde vários manifestantes e militantes de extrema esquerda tentaram arrancar a bandeira do país da prefeitura local.

Neste momento, dois entre cada três franceses se opõem ao CPE, aprovado pelo Parlamento no dia 9 de março. Um dos pontos mais polêmicos da lei diz que um empregado pode ser despedido sem nenhuma explicação durante um período de dois anos.




Trabalhadores da fábrica New Fabris, fornecedora de peças para montadoras como a Renault, Peugeot e Citroën ocupam a empresa desde seu fechamento, no dia 16 de junho. A fábrica tinha 366 funcionários, que exigem agora uma indenização de 30 mil euros.

A New Fabris, localizada na cidade de Chatellerault, fornecia cerca de 90% das peças da Renault e Peugeot. A empresa é uma filial do grupo italiano Zen. Os trabalhadores ameaçam explodir a fábrica com botijões de gás caso não se chegue a um acordo até o dia 31 de julho.

“Os botijões de gás estão na fábrica e está tudo previsto para a explosão”, afirmou à imprensa o delegado sindical Guy Eyermann. “Não vamos deixar que recuperem as pecas em estoque e as máquinas nos meses de agosto e setembro, se nós não temos nada, eles não podem ficar com tudo”, afirmou ainda o sindicalista indignado.

Radicalização
O caso mostra o grau de radicalização dos trabalhadores franceses frente ao recrudescimento da crise econômica. Nesse primeiro trimestre, já ocorreram diversos seqüestros de executivos de grandes empresas pelos trabalhadores, como na Caterpillar, Molex, Sony, 3M, Scapa, etc.

Os seqüestros de chefes e executivos são já uma forma tradicional dos trabalhadores protestarem contra as demissões. Diante do agravamento da crise, algumas empresas chegaram a orientar seus executivos a manterem no escritório um “kit sequestro”, com escova de dente, pasta, uma muda de roupa e um celular para contato com a família e a polícia.